sábado, 13 de abril de 2013

Joaquim Barbosa apronta outra vez!


Como se não bastasse ter falado que os juízes brasileiros são pró-impunidade, ter mandado um jornalista chafurdar no lixo e ter sugerido que entre juízes e advogados haveria um “conluio” para a corrupção, o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, aprontou mais uma. Na última semana, Barbosa recebeu os representantes de classe da magistratura em uma reunião no STF e destilou grosserias a quem estivesse por perto.

Durante a reunião, que foi aberta aos jornalistas, Barbosa e os outros magistrados presentes começaram a discutir sobre a criação de novos Tribunais Regionais Federais. Sobre o tema, um breve resumo: existem cinco TRFs no Brasil, sendo quatro TRFs para 13 estados no Sul, Sudeste e Nordeste, e apenas o Tribunal Regional Federal da 1ª Região para todo o Norte e o Centro-oeste do país, o que gera muita lentidão e atraso nos processos.

A proposta de criação de mais TRFs já tramita no Poder Legislativo há mais de dez anos, e muitos juristas defendem que isto traria uma prestação jurisdicional mais adequada e eficiente. Naturalmente, há quem discorde do aumento do número de Tribunais, por causa do alto custo da proposta. Esta é a opinião de Joaquim Barbosa. No entanto, o Presidente do STF não soube emitir sua opinião sem ofender aqueles que discordavam dela; não soube, portanto, conviver com a divergência: um péssimo exemplo para a democracia.

Foi então que houve a distribuição de grosserias e deboche de Barbosa para os representantes da magistratura que lá foram simplesmente para conversar. Joaquim Barbosa disse que o Projeto de Lei que criava novos TRFs tinha sido feito sorrateiramente, sem que ele fosse consultado (ressalte-se: um Projeto com mais de 10 anos de idade!). Depois, falou também que os Tribunais seriam criados em resorts nas praias, e serviriam para dar empregos a advogados, além de ter mandado um dos representantes da magistratura abaixar o tom de voz e dizer para que lhe dirigisse a palavra apenas quando fosse perguntado. Ou seja: para Barbosa, uma opinião só deve ser respeitada se for igual à opinião dele.

Em resposta, as associações de juízes e a OAB emitiram notas de repúdio aos comentários feitos por Barbosa, dizendo que ele agiu de forma “agressiva e grosseira”, “inadequada para o cargo que ocupa”, como se tivesse marcado uma reunião, mas se preparado para uma batalha. Uma das notas diz, no último parágrafo: “Como tudo na vida, as pessoas passam e as instituições permanecem. A história do Supremo Tribunal Federal contempla grandes presidentes e o futuro há de corrigir os erros presentes.”.

Joaquim nos surpreende (negativamente) a cada dia que passa com espetáculos de prepotência e indelicadeza, que em nada contribuem para o Judiciário. Por mais que o povo goste da “firmeza” de Barbosa, é preciso lembrar que isto dificulta o diálogo e, sem diálogo, não há progresso. Por fim, espera-se apenas uma coisa: que seu desequilíbrio emocional na presidência do STF não prejudique aqueles que mais necessitam de Justiça.



Publicado no jornal AMAZONAS EM TEMPO em 13 de abril de 2013.