A maioria das pessoas tem receio de
mudar. E não me refiro às grandes mudanças da vida, mas àquelas mudanças bobas,
do cotidiano, que muitas vezes nós nem percebemos que rejeitamos o tempo inteiro.
Dou o meu exemplo: todos os dias, quando acesso o site do meu banco, aparece
uma janela com o seguinte aviso: “a visualização da página irá mudar, comece a
utilizar o novo layout”; e todos os dias eu clico na opção “não, obrigado,
continuar usando o layout tradicional”. Em suma, não quero mudar o layout do
site do banco porque já estou muito acostumado com o layout tradicional, em que
em viro bem. Do mesmo jeito, costumo comprar o mesmo tipo de celular, para não
ter que aprender a mexer em todo um novo sistema operacional; e normalmente
peço o mesmo prato ou petisco em restaurantes e bares que frequento.
Em um primeiro momento, pensei que
eu fosse um tipo especial de ser humano chato que gosta sempre das mesmas
coisas! Conversando com uns amigos, no entanto, cheguei à conclusão de que
muita gente é assim, e é assim por medo de mudar e não se adaptar, de não se
adaptar e depois ficar perdido, ou de perder a funcionalidade do cotidiano por
não saber manusear determinadas tecnologias. Evidentemente que escolher sempre
o mesmo prato ou evitar mudar de sistema operacional no telefone é uma
superficialidade, mas essas atitudes mostram muito da postura de alguém diante
da vida, e isso pode se tornar um inconveniente.
Lembro sempre da geração do meu pai
e de outras pessoas que têm 50 e poucos anos. No meio da vida – lá pelos 30 e
poucos – eles tiveram de reformular toda a dinâmica do dia-a-dia por causa do
computador, da internet, do celular, do e-mail... Enfim, de tudo. De repente,
tudo começou a ser feito no computador, e nos anos seguintes a revolução se
manteve constante. Nestes últimos 20 anos, não só tivemos a revolução da
utilização da tecnologia, como também dentro da nossa própria noção de
tecnologia: quem era um grande “guru” da informática nos anos 90, hoje em dia,
se não tiver acompanhado o ritmo das transformações, pode simplesmente não ser
mais. Aliás, quem não se adaptou certamente virou um “dinossauro”.
E a nossa geração? Crescemos com a
tecnologia e aprendemos a viver com ela, mas será que acompanharemos as
evoluções ou viraremos dinossauros? É por isso que tenho pensado nesse assunto,
e em como muitas pessoas têm receio de mudanças, mesmo mudanças sutis no
cotidiano, como o novo layout do site do banco ou uma comida diferente no
restaurante preferido. Agora, ao invés de “medo de mudar”, tenho começado a
sentir “medo de não mudar” e ficar preso ao obsoleto.
A proposta, então, é fazer pequenas
mudanças: ler um livro digital (algo que nunca fiz do começo ao fim,
agarrando-me intensamente aos livros de papel), mudar o layout do site do
banco, mudar de banco, tentar entender bem a bolsa de valores etc. e tal...
Afinal, é preciso deixar o “velho” de lado, para que novo venha à tona!
Publicado no jornal AMAZONAS EM TEMPO em 26 de outubro de 2013.
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