sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O receio e a necessidade de mudar

A maioria das pessoas tem receio de mudar. E não me refiro às grandes mudanças da vida, mas àquelas mudanças bobas, do cotidiano, que muitas vezes nós nem percebemos que rejeitamos o tempo inteiro. Dou o meu exemplo: todos os dias, quando acesso o site do meu banco, aparece uma janela com o seguinte aviso: “a visualização da página irá mudar, comece a utilizar o novo layout”; e todos os dias eu clico na opção “não, obrigado, continuar usando o layout tradicional”. Em suma, não quero mudar o layout do site do banco porque já estou muito acostumado com o layout tradicional, em que em viro bem. Do mesmo jeito, costumo comprar o mesmo tipo de celular, para não ter que aprender a mexer em todo um novo sistema operacional; e normalmente peço o mesmo prato ou petisco em restaurantes e bares que frequento.

Em um primeiro momento, pensei que eu fosse um tipo especial de ser humano chato que gosta sempre das mesmas coisas! Conversando com uns amigos, no entanto, cheguei à conclusão de que muita gente é assim, e é assim por medo de mudar e não se adaptar, de não se adaptar e depois ficar perdido, ou de perder a funcionalidade do cotidiano por não saber manusear determinadas tecnologias. Evidentemente que escolher sempre o mesmo prato ou evitar mudar de sistema operacional no telefone é uma superficialidade, mas essas atitudes mostram muito da postura de alguém diante da vida, e isso pode se tornar um inconveniente.

Lembro sempre da geração do meu pai e de outras pessoas que têm 50 e poucos anos. No meio da vida – lá pelos 30 e poucos – eles tiveram de reformular toda a dinâmica do dia-a-dia por causa do computador, da internet, do celular, do e-mail... Enfim, de tudo. De repente, tudo começou a ser feito no computador, e nos anos seguintes a revolução se manteve constante. Nestes últimos 20 anos, não só tivemos a revolução da utilização da tecnologia, como também dentro da nossa própria noção de tecnologia: quem era um grande “guru” da informática nos anos 90, hoje em dia, se não tiver acompanhado o ritmo das transformações, pode simplesmente não ser mais. Aliás, quem não se adaptou certamente virou um “dinossauro”.

E a nossa geração? Crescemos com a tecnologia e aprendemos a viver com ela, mas será que acompanharemos as evoluções ou viraremos dinossauros? É por isso que tenho pensado nesse assunto, e em como muitas pessoas têm receio de mudanças, mesmo mudanças sutis no cotidiano, como o novo layout do site do banco ou uma comida diferente no restaurante preferido. Agora, ao invés de “medo de mudar”, tenho começado a sentir “medo de não mudar” e ficar preso ao obsoleto.


A proposta, então, é fazer pequenas mudanças: ler um livro digital (algo que nunca fiz do começo ao fim, agarrando-me intensamente aos livros de papel), mudar o layout do site do banco, mudar de banco, tentar entender bem a bolsa de valores etc. e tal... Afinal, é preciso deixar o “velho” de lado, para que novo venha à tona!



Publicado no jornal AMAZONAS EM TEMPO em 26 de outubro de 2013.

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