Marina
Silva é uma figura de destaque do cenário político nacional: já foi Ministra do
Meio Ambiente, Senadora da República e candidata à Presidência com inesperados
20 milhões de votos. Marina é até mesmo reconhecida internacionalmente por sua
atuação política, tendo sido convidada para participar da abertura dos Jogos
Olímpicos em Londres, como “referência na luta e proteção ao Meio Ambiente”. Em
suma, uma personalidade política proeminente, coerente e inovadora.
Nas
últimas semanas, complementando o interessante rol de eventos que citei acima,
Marina protagonizou mais um episódio importante para o cenário político
brasileiro: a criação da Rede Sustentabilidade, seu novo partido. Segundo os
jornais, trata-se de um partido que pretende revolucionar o jeito de se fazer
política, não só por não ter “partido” no nome, mas principalmente por adotar
algumas medidas institucionais que promoverão o combate à corrupção. E qual é a
grande novidade? Afinal, todo partido, velho ou novo, diz-se contra a
corrupção.
A
diferença sutil está entre dizer-se contra a corrupção, como dizem todos os
partidos do mundo, e realmente fazer algo para combatê-la; está entre prometer
um processo eleitoral transparente, como prometem os partidos todos os anos, e
efetivamente utilizar mecanismos para tanto. A “Rede”, como o partido é
carinhosamente chamado por seus apoiadores, já divulgou duas medidas
anticorrupção que estarão em seu estatuto: primeiro, uma cláusula de doação a exemplo
do modelo americano de Obama, em que as doações de pessoas físicas e jurídicas
não podem exceder um determinado limite, podendo também ser feitas via
internet; e, também, uma cláusula de impedimento de filiação de partidários
ficha-suja.
A
postura é louvável. Bem diferente da postura do PT, por exemplo, que organizou
um evento a fim de que fossem arrecadadas doações para o pagamento da pena de
multa de alguns condenados no processo do mensalão: quase um convite à sujeira,
um atestado de que não importa quão suja seja a ficha, se houver gente disposta
a pagá-la (e apagá-la) com o próprio dinheiro. A moralidade, já cansada de ser
ignorada, deveria ser uma preocupação dos próprios partidos, e a “Rede” mostra
que isso pode acontecer, e que não necessariamente a política deve esperar um
eleitorado mais consciente ou uma legislação mais severa; mas, talvez,
candidatos mais sérios.
Transparência eleitoral e aversão a figuras políticas
defasadas (e penalmente condenadas) é o mínimo que se espera de um partido
sério, e o surgimento da Rede Sustentabilidade – que ainda vai provar se é ou
não um partido sério – acusa mais ainda essa necessidade, dando pelo menos o
exemplo. Não se sabe qual rumo seguirá esta recém-nascida agremiação política,
e aqui não se faz apologia a sua linha ideológica ou algo assim, mas a sua
atitude: demonstrar que a mudança urgente pela qual todos esperam pode, quem
sabe, vir um partido.
Publicado no jornal AMAZONAS EM TEMPO em 2 de março de 2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário