O governo
está desesperado, e isso não se pode mais negar. Depois das manifestações que
tomaram o país, quando “o gigante acordou”, governantes e congressistas
começaram a trabalhar para tentar consertar o estrago que havia sido feito e
que muito provavelmente vai resultar em uma revolução nas urnas. Dilma subiu ao
palanque algumas vezes e desatou a falar sobre reforma política, investimentos
em saúde, médicos estrangeiros etc.; no Congresso, derrubaram a famigerada PEC
37, transformaram a corrupção em crime hediondo, acabaram com o voto secreto
nas cassações de parlamentares e por aí vai.
Os temas
agora enfrentados pelo governo, como a reforma política, sempre enfrentaram
muita resistência. Tenta-se fazer reforma política no Brasil há anos, e jamais
se conseguiu, porque reformar o sistema político significa mudar as regras de
um jogo que funciona muito bem para todos. Logo, é evidente que esta “vontade
repentina” de mudar o país, surgida daqueles de quem nunca esperávamos mudança,
é apenas para fazer a população acreditar que uma resposta está sendo dada aos
protestos.
Tema igualmente
espinhoso é o da transformação dos crimes de corrupção em crimes hediondos. O
que mudou, afinal? Houve verdadeiro combate à corrupção? Temo que não. O
problema da corrupção não é a rigidez das penas, mas a impunidade daqueles que
são denunciados por crimes de corrupção e, após longos anos, não são
condenados. A estes, pouco importa se o crime é ou não hediondo, já que
dificilmente serão condenados. A medida é meramente populista, e em 2014
veremos muitos candidatos se utilizando disto como mote eleitoreiro.
Verdadeiros anjos de candura, para o eleitor desavisado.
Outra
consequência desta história toda é que os problemas recentemente enfrentados
são de alta complexidade, e estão sendo trabalhados de maneira atabalhoada, sem
debate, sem estudo, sem consulta aos especialistas. Dia sim, dia não, Dilma
Roussef anuncia medidas que são tomadas, aparentemente, muito mais como
justificativas de sua incompetência do que como reais soluções para os problemas
que o país enfrenta.
A questão
dos médicos, por exemplo, é emblemática. Particularmente, aumentar o número de
médicos no SUS e não investir na estrutura do sistema de saúde não parece muito
sábio, principalmente quando isto é feito sem planejamento e estudo. Mas esta
se tornou a postura padrão do governo: tomar medidas sem planejamento, sem
responsabilidade, apenas para tentar mostrar algum trabalho e disfarçar a culpa
no caos em que o país está mergulhado.
Publicado no jornal AMAZONAS EM TEMPO em 13 de julho de 2013.
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